sábado, 27 de junho de 2015

Ricardo Pessoa diz que fez repasses a ex-tesoureiros do PT e ministros

Em delação premiada, dono da UTC detalhou à Justiça pagamento de R$ 3,6 milhões de caixa 2.

Da redação, Zero Hora
Ricardo Pessoa entregou aos investigadores uma planilha intitulada "pagamentos ao PT por caixa 2" que relaciona operações.

O depoimento de delação premiada de Ricardo Pessoa, ex-presidente da UTC, detalha o suposto repasse de R$ 3,6 milhões de caixa 2 para o tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010, José de Filippi, e ao tesoureiro nacional do PT entre 2010 e 2014, João Vaccari Neto. O réu na Operação Lava-Jato entregou aos investigadores uma planilha intitulada "pagamentos ao PT por caixa 2" que relaciona operações.
Os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, também são citados. Os dois foram chamados para uma reunião de urgência com a presidente Dilma Rousseff no final da tarde desta sexta-feira.
No documento, consta suposto repasse no valor de R$ 250 mil a Mercadante. Conforme a relação, o pagamento refere-se às eleições de 2010, quando concorreu a governador. Na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Mercadante informou ter recebido duas doações oficiais das empresas de Pessoa. Ambas foram de R$ 250 mil, mesmo valor descrito no documento. Procurado, o ministro informou que desconhece o teor da delação.
Edinho foi o tesoureiro da campanha de reeleição de Dilma, no ano passado. Em nota, o ministro informou que esteve com o empresário por três vezes para tratar de doações eleitorais, que jamais tratou de assuntos relacionados a órgãos públicos e que as contas de campanha foram auditadas e aprovadas pelo TSE.
Indícios
Na última quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) homologou a delação de Pessoa, considerado o chefe do chamado “clube das empreiteiras”. Isso significa que as informações prestadas por ele em depoimento à Procuradoria-Geral da República poderão ser utilizadas como indícios para ajudar as investigações.
Atual secretário municipal de saúde de São Paulo, Filippi é próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Antes de ser o responsável pelas contas da campanha de Dilma, foi o tesoureiro da campanha à reeleição de Lula, em 2006.
Os supostos pagamentos a Filippi somam R$ 750 mil e foram feitos nos anos eleitorais de 2010, 2012 e 2014 e também em 2011. Procurada, a defesa não respondeu à reportagem.
Vaccari, preso sob acusação de ser o operador do PT no esquema de corrupção da Petrobras e de ter lavado dinheiro para o partido, aparece relacionado a suposto pagamento de caixa 2 no valor de R$ 2,9 milhões que teria sido efetuado entre 2011 e 2013. A defesa de Vaccari não foi localizada.

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