Do povo potiguar para o Excelentíssimo Sr. Vice-Presidente da República Michel Temer
“Ad impossibilia nemo tenetur”
O Brasil vive dias sombrios. Para onde quer que se olhe, só se vê o rosto tenebroso de uma crise generalizada. Mas mesmo na escuridão de um cenário catastrófico há um povo em estado de alerta, como uma luz que se acende para iluminar os caminhos do Brasil. Somos nós, Sr. Vice-presidente, a sociedade civil que ganhou as ruas por não mais se permitir assistir a tudo do conforto dos nossos lares. O momento atual pede que tomemos parte nos destinos do país, e é isso que estamos fazendo, pois a democracia respira não apenas de dois em dois anos, naquele nobre momento de depositar o voto na urna, mas o tempo todo, em cada momento da vida nacional, como este que atravessamos.
E é no exercício dessa responsabilidade que viemos trazer nossa mensagem para seus ouvidos. O povo, Sr. Vice-Presidente, está inquieto, desconfiado, descrente e desesperançado com os rumos que o Brasil está tomando. O ano que passou, ao que tudo indica, foi apenas um ensaio para a catástrofe que ainda se abaterá sobre nós neste que começou. O governo da srª. Dilma Rousseff, de quem se espera medidas para pelo menos evitar o pior, parece fazer exatamente o contrário: joga gasolina na fogueira, ignorando completamente os apelos dos vários segmentos da sociedade e do setor produtivo, que já sofrem os pesados efeitos do desemprego, da recessão e da inflação, cuja tenebrosa memória, embora já distante no tempo, ainda deixa marcas de profundo medo naqueles que foram por ela prejudicados.
Os ouvidos moucos da srª. Dilma Rousseff para os gritos do país são inadmissíveis! Do alto de seu palácio, a Presidente da República rasga todas as precauções que qualquer economia saudável precisa guardar, para se aventurar numa farra com dinheiro público, que escorre no ralo tanto da corrupção quanto do capitalismo de compadres, retirando recursos da sociedade extorquida para entregá-los de mão beijada para grupos especialmente selecionados por critérios escusos.
Agora, medidas duras são necessárias, mas a srª. Dilma Rousseff já mostrou que não está disposta a tomá-las. E nem poderia, já que sua autoridade é questionada por toda a nação, à exceção de grupos econômicos que são beneficiados com suas políticas desastradas e pelos companheiros de militância ideológica não menos nociva à nação brasileira. As últimas medidas anunciadas pelo sr. Ministro da Fazenda são a prova de que todo e qualquer cuidado com a economia do país foi desprezado para dar lugar ao discurso fácil da concessão de crédito com dinheiro público, que além de agravar o problema, trará como consequência certa o retorno do dragão horrendo da inflação, que devorará, em primeiro lugar, as rendas dos mais pobres. Como sempre. Empresas já estão fechando as portas e demitindo pais e mães de família em toda parte deste enorme e rico Brasil. E ainda vai piorar.
Mas é tempo de dar um basta nisso! É tempo, sr. Vice-presidente, de unir o país para tirá-lo do atoleiro em que foi metido pela destemperança e incompetência de uma governante. Chega de desculpas esfarrapadas para problemas criados pela desastrosa ação de quem não reúne condições que conduzir os destinos de uma nação como a nossa! Não podemos mais aceitar ser governados por uma pessoa que só vai a ambientes com plateia selecionada e que precisa remunerar jornalistas e veículos de comunicação para fazer a defesa do seu governo! É preciso dar um basta nisso!
E é para isso que viemos aqui. Para dizer que, muitos ou poucos, vamos continuar mobilizados nas ruas, no ambiente virtual, junto às instituições e onde quer que seja possível nos fazer ouvir. Por que saiba, Sr. Vice-Presidente, que quando a força descomunal de um povo resolve agir, ela não retrocede sem deixar as marcas do seu querer. E nós permaneceremos firmes e determinados na árdua tarefa de salvar o país da ação maléfica dos salteadores e destruidores que ainda estão entre nós. Mas com a graça de Deus haveremos de conseguir! E o senhor será muito bem vindo caso ouça nossa voz e compre a nossa briga. A História, sr. Vice-presidente, há de reservar-lhe um bom lugar nas suas páginas caso decida, e decida o quanto antes!, ficar do lado certo. É o que esperamos.
Muito obrigado pela atenção.
Natal/RN, 29 de janeiro de 2016.
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