quarta-feira, 22 de março de 2017

Gilmar Mendes poderá ser Presidente da República em uma eleição indireta; ele tem a faca e o queijo na mão.

O fracasso do governo de Michel Temer em sua missão mais importante – ao menos, naquela que justificou o golpe de 2016 – pode abrir espaço para que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, se torne presidente da República, ainda em 2017.

Qual era essa missão? Temer deveria garantir proteção a seus aliados no parlamento, ajudando a estancar a sangria da Lava Jato. No entanto, com nove ministros na lista de Janot, um ministro da Justiça ligado à máfia dos fiscais agropecuários e ele próprio citado de forma constrangedora nas delações da Odebrecht, Temer tem se mostrado incapaz de garantir essa blindagem. Prova disso foi a mais recente etapa da Lava Jato, que, ontem, atingiu pessoas ligadas a senadores importantes, como o próprio presidente do Congresso, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).

Paralelamente, Temer também não tem mais o que oferecer a outro pilar importante do golpe de 2016 – o mercado financeiro. Sua reforma da Previdência, inviável e rechaçada até por aliados, já foi adiada para agosto ou setembro e o Palácio do Planalto tenta ganhar tempo com um projeto de terceirização que praticamente acaba com a CLT.

Sem serventia para parlamentares e banqueiros, Temer recebeu ainda uma outra notícia negativa, na tarde de ontem, quando o relator de sua cassação no Tribunal Superior Eleitora, Herman Benjamin, lhe deu 48 horas para apresentar suas alegações finais. Já se sabe que Benjamin irá propor sua cassação e que a jurisprudência do TSE impede a divisão da chapa.

Enquanto isso, o ministro Gilmar Mendes tem feito discursos que soam como música para os parlamentares, que seriam os eleitores do novo presidente, em caso de cassação de Temer e eleição indireta. Ontem, ele criticou duramente os vazamentos da Lava Jato feitos pela Procuradoria Geral da República e falou até em anular as delações da Odebrecht. Num aceno ao setor produtivo, afirmou que a Operação Carne Fraca, que causou prejuízos gigantescos ao País, foi provocada por uma disputa por holofotes na Polícia Federal. Gilmar disse ainda que não é papel de autoridades cavalgar escândalos.

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