domingo, 21 de junho de 2015

Dois milhões de brasileiros entram na lista de inadimplentes em 2015, revela SPC

Volume de consumidores inadimplentes acumula alta de 4,63% em cinco meses.

No último mês de maio, o número de consumidores com contas atrasadas e registrados nos cadastrados de inadimplência apresentou nova aceleração, avançando 4,79%, em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado dos cinco primeiros meses de 2015, a alta atinge 4,63%. De acordo com dados do indicador calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o crescimento observado em maio é o maior desde agosto do ano passado e a mais intensa variação anual para os meses de maio desde 2013. Os economistas estimam que ao final de maio havia, aproximadamente, 56,5 milhões de brasileiros com o CPF negativado em todo o país. Isso significa dizer que, entre dezembro de 2014 e maio de 2015, houve um aumento líquido de dois milhões de novos adultos inadimplentes.
Na comparação mensal, entre abril e maio deste ano, o número de pessoas inadimplentes também apresentou uma ligeira aceleração, passando de 1,16% para uma alta de 1,20%. De acordo com a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o aumento na base mensal de comparação, sem sazonalidade, foi puxado principalmente pelos devedores que têm dívidas atrasadas entre 91 e 181 dias - crescimento de 7,27%. "O dado sugere que os novos inadimplentes se concentram no grupo que adquiriu dívidas no início do ano e no período natalino do ano passado", afirma Marcela.

Brasileiro atrasa dívidas com contas básicas

A abertura do indicador de dívidas em atraso por setor da economia revela que o brasileiro tem enfrentado dificuldades para realizar o pagamento, até mesmo, de contas básicas. O maior avanço no número de dívidas foi causado pelos atrasos cujos credores são as empresas concessionárias de serviços como água e luz, com alta de 13,31% na base anual de comparação. "O resultado também reflete a disposição crescente dessas concessionárias em negativar os consumidores inadimplentes, como forma de acelerar o recebimento dos compromissos em atraso", afirma a economista do SPC Brasil.

Em segundo lugar, destaca-se o crescimento de 12,02% das dívidas cujos credores são do segmento de telefonia, internet e TV por assinatura, seguido pelo segmento de bancos, que engloba dívidas no cartão de crédito, empréstimos, financiamentos e seguros, com alta de 10,10%. Com relação aos bancos, destaca-se o fato de que a inadimplência neste segmento tem acelerado - em janeiro as dívidas em atraso com o setor cresciam somente 2,39%. Além disso, ainda que o crescimento das dívidas no setor de contas de água e luz seja o principal destaque do mês de maio, o ramo de bancos é o principal setor credor com participação de quase metade (48,56%) no total de dívidas em atraso, seguido do comércio, com 19,85%, que no último mês mostrou queda (-0,29%) na base anual de comparação.


Dívidas em atraso são concentradas nas faixas de 30 a 49 anos

Os adultos com idade entre 30 e 39 anos são os brasileiros que detém a maior parte das dívidas atrasadas no país - 29,15% do total. "Isto acontece porque nesta fase da vida os gastos como a compra de imóveis, carros e despesas com os filhos são bastante consideráveis", justifica a economista Marcela Kawauti.

Já o crescimento de dívidas atrasadas foi maior entre os consumidores mais velhos: crescimento anual de 10,18% entre os brasileiros com idade que vai de 85 a 94 anos e alta de 9,10% para os consumidores da faixa de 65 a 84 anos. Os economistas do SPC Brasil explicam que o aumento da expectativa e a melhora na qualidade de vida  do brasileiro e, consequentemente, a permanência por um período mais prolongado no mercado de trabalho e de consumo é um dos fatores principais que explicam o expressivo aumento da população com idade mais elevada nos cadastros de inadimplentes. "Outros motivos que também impactam a vida financeira deste grupo são a diminuição da renda real com a aposentadoria, o aumento das despesas com remédios e planos de saúde, a facilidade para contrair empréstimos consignados e a prática de emprestar o nome para terceiros realizarem compras a prazo, geralmente familiares", explica a economista.

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