Pátio da delegacia acumula veículos roubados e abandonados
“O roubo de veículos está deixando de ser uma atividade fim e se tornando uma atividade meio”, diz o delegado Márcio Delgado, titular da Delegacia Especializada em Defesa e Propriedade de Veículos e Cargas (Deprov). “Antes, era muito comum o roubo e furto para venda e desmanche. O perfil está mudando”, observa.
De acordo com ele, essa mudança vem acontecendo devido ao combate da polícia às sucatas onde são feitos desmanches. “Essa prática ainda existe, mas hoje é bem maior o número de roubos e furtos para uso em assaltos, tráfico e outros crimes. Daí também, o aumento da clonagem de veículos”, diz Márcio Delgado. Isso explica porque carros populares, como o Gol e o Uno, de c or branca ou prata, são os mais visados.
Levando em consideração apenas as estatísticas dos últimos três meses deste ano, por dia são roubados ou furtados no Estado 12 veículos, entre carros e motos, contra 13 veículos/dia no mesmo período do ano passado. Houve uma leve diminuição, mas ainda assim a média é alta. O delegado Márcio Delgado ressalta, no entanto, que neste ano 65% dos veículos roubados ou furtados foram recuperados, contra pouco mais de 50% em todo ano de 2014. O índice poderia ser maior, segundo ele, caso o efetivo não fosse tão reduzido. Para combater esses tipos de crimes em todo o RN, a Deprov conta com oito agentes de investigação.
Com 572 registros de roubos e furtos nos últimos três meses, Natal lidera a estatística de ocorrências, seguida por Parnamirim (235) e Macaíba (46). Na capital, alguns bairros se destacam pela frequência de ocorrências, embora elas variem muito mês a mês. Entre março e maio, Lagoa Nova teve 61 veículos roubados ou furtados; Cidade Satélite, 40 casos; e Candelária teve 32 ocorrências registradas.
O montador de móveis Francisco Canindé de Carvalho, de 38 anos, teve sua moto roubada na última sexta-feira, 12 de junho, no conjunto Cohabinal, em Parnamirim, e ontem de manhã foi até a Deprov para recuperar o veículo, encontrado na última segunda-feira (15) em uma casa abandonada. Francisco não tem certeza, mas acredita que os dois homens lhe roubaram o meio de transporte para cometer outros delitos. A tese da vítima reforça as suspeitas da polícia.
Francisco Canindé foi abordado em pleno meio-dia, quando estava prestes a apertar a campainha da casa de um cliente. Reagiu e foi atingido por um dos quatro tiros disparados por um dos criminosos. “Por muito pouco não fiquei paraplégico”, diz a vítima, que permanece com a bala alojada nas costas, bem próximo à coluna. Parnamirim, onde Francisco Canindé foi roubado e quase assassinado, só perde para Natal em número de roubos e furtos de veículos. Em março deste ano foram 64 crimes desse time no município. Em abril, 81 e em maio, 90.
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