terça-feira, 14 de agosto de 2018

A Atreva-se manifesta seu repúdio contra a PL 020/2018 trazendo a tona um levantamento sobre o grau de escolaridade de pessoas TRANS do município de Santa Cruz/RN.


























A Atreva-se através deste levantamento feito sobre o grau de escolaridade das pessoas trans no município de Santa Cruz/RN vem manifestar repúdio contra O Projeto de Lei 020/2018 “que proíbe na grade curricular das Escolas Municipais do Município de Santa Cruz/RN as atividades pedagógicas que visem à reprodução do conceito e teses da ideologia de gênero.” De autoria do Vereador e Presidente da Câmara municipal – Monik Melo.

Um levantamento sobre o grau de escolaridade de pessoas trans realizado pela ATREVA-SE (Associação de Travestis e Transexuais Encontrando a Valorização e Atuação na Sociedade) com sede no município de Santa Cruz/RN, feito recentemente no dia 10 de Agosto de 2018 revela que 36,6 % não concluíram ensino fundamental, 26,2 % concluíram o ensino médio, 26,2 % não chegaram a concluir o ensino médio, 3,33 % possuem o ensino fundamental completo, e apenas 6,6% cursam uma graduação e/ou possuem curso técnico e superior.

Este levantamento mostra o quando a população trans do município de Santa Cruz/RN, ainda é excluída do ambiente escola, onde muitas pessoas trans acabam interrompendo seus estudos não chegando a concluírem os ensino fundamental e médio sem perspectivas de chegar a cursarem uma graduação justamente por que muitos e muitas acabam abandonando o meio escolar quando começam a iniciarem seu processo de transição em razão do bullyng e preconceito sofrido.

Essa é a triste realidade na qual muitas pessoas trans estão submetidas e acabam passando quando se trata de educação, e tudo isso ocorre pela falta do dialogo e das discussões sobre gênero voltada a inclusão e respeito preparando os adolescentes, jovens e adultos para futuro cidadãos e cidadãs para saibam respeitar as diferenças na sociedade.

O ambiente escolar tem um papel fundamental de comprometimento com o futuro da dignidade e cidadania incluindo as temáticas transversais como forma de conscientização das diversas questões sociais que enfrentamos no Brasil e no mundo.

Estudos de gênero ampliaram as investigações científicas e passaram também a pesquisar e compreender outras opressões que estão fortemente presentes em nossa sociedade, como é o caso das pessoas pobres, da população negra, indígena e LGBT, ou seja, todo um grupo de pessoas que são alvos de preconceitos, de discriminações e de violências de toda ordem, que, infelizmente, são ainda muito gritantes em nosso País. Diante de tudo isto, é importante, também, que fique claro o fato de que os estudos de gênero, por serem conhecimentos científicos, passam pela avaliação sistemática de pesquisadores de diferentes áreas acadêmicas que utilizam critérios rigorosos para determinar a sua validação.

O suposto “ensino de gênero” nas escolas. A discussão que se tem feito no âmbito das políticas educacionais sobre o trabalho com as questões de gênero na educação não significa ensinar “gênero” como um conteúdo específico, mas sim refletir, compreender e problematizar experiências, relações e situações em que as pessoas vivem desigualdades, assujeitamentos, opressões, violências e desrespeitos que são produzidos por modos muito rígidos de definir o que cada um de nós pode e deve fazer, na nossa sociedade, em função das maneiras como somos categorizados conforme os gêneros.

Portanto, isso nada tem a ver com “corromper a mente das crianças” ou “convencê-las” de que não são meninos ou meninas, mas também nos afastamos e rechaçamos a exigência de que elas, por serem meninos ou meninas, tenham que cumprir um repertório rígido de comportamentos, que envolve uma separação radical entre o masculino e o feminino. Nesta lógica, acredita-se que ser homem significa ter mais poder, autocontrole, racionalidade, força, coragem, determinação, mais acesso à vida pública, autonomia, independência. Por outro lado, ser mulher significa a ausência dos atributos determinados como próprios do homem, estar restrita a um universo marcado pelas emoções, fragilidade, vulnerabilidade, dependência e reduzido à vida doméstica.

O suposto “ensino da sexualidade” nas escolas. É bom deixar bem claro que a sexualidade não se ensina, pois está relacionada ao fato de como cada um de nós singulariza o seu desejo e o seu prazer a partir de suas relações com os outros e com o próprio corpo.

Por este motivos nos posicionamos contra o Projeto de Lei 020/2018 “que proíbe na grade curricular das Escolas Municipais do Município de Santa Cruz/RN as atividades pedagógicas que visem à reprodução do conceito e teses da ideologia de gênero.” De autoria do Vereador e Presidente da Câmara municipal – Monik Melo. Projeto com equívocos apresentados sobre o termo que representa um grande retrocesso politico.

Reafirmamos que a escola não só pode como deve abordar as discussões que envolve as pesquisas sobre as condições de gênero.

Por isso insistimos em dizer que:

#VaiTerGêneroNasEscolasSim!!!

Atenciosamente: Atreva-se

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