segunda-feira, 6 de abril de 2015

O vaivém do PMDB

A presidente Dilma Rousseff tem se esforçado para fazer um entendimento com o conjunto do PMDB, mas todas as tentativas até aqui fracassaram. A última foi o convite feito nesta segunda-feira (6) ao ex-deputado Eliseu Padilha para que assuma a coordenação política do governo, em substituição a Pepe Vargas (PP-RS) – uma tentativa de atender à antiga reivindicação do PMDB de ter um representante dentro do Palácio do Planalto e, também, acolhendo a sugestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que abra mais espaço ao partido parceiro.
 
O convite está feito, Padilha deu indicações de que aceitaria, mas, de repente, percebeu reações negativas dentro do próprio PMDB. Mais precisamente de Eduardo Cunha, presidente da Câmara que expôs aos dirigentes do PMDB (no caso Michel Temer) o que diz considerar mais prestígio ao Senado do que à Câmara. Afinal, nas contas dele, há quatro ministros que saíram do Senado ou vinculados a senadores – Eduardo Braga e Kátia Abreu são senadores e Vinicius Lages, ligado a Renan Calheiros e Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho. Já da Câmara, Edinho Araújo e o próprio Padilha - que trocaria de posto para ficar mais vinculado a Temer.
 
Petistas no governo já perceberam que a cada movimento da presidente Dilma em direção ao PMDB o partido dá um passo atrás – e faz novas exigências ou demonstra força, criando novas dificuldades. Renan Calheiros tem já uma coleção de movimentos que geram problemas para o governo. Desde a proposta de redução dos ministérios à recente proposta de autonomia para o Banco Central. Eduardo Cunha foi quem concebeu a ideia do projeto que obriga a aplicação do novo indexador para pagamento da dívida dos Estados, o que reduziria a dívida de estados e municípios com a União.
 
A cada movimento de Dilma para nomear Henrique Eduardo Alves para o ministério, o que atenderia a Eduardo Cunha, a reação de Renan Calheiros é imediata, pois para nomear Alves ela teria de demitir Vinicius Lages, o protegido de Renan. Mesmo com a proposta de reduzir o número de ministérios Renan não faz qualquer gesto para liberar a vaga do ministério do Turismo. "Eu não nomeio, não posso exonerar", esquiva-se. Mas Dilma sabe que, se tirar Lages, a reação de Renan pode ser ainda mais forte contra o governo. Tanto Renan quanto Eduardo Cunha adotaram o discurso da redução do número de ministérios.
 
Segundo peemedebistas, Dilma chegou a cogitar a transferência de Vinicius Lages para a Transpetro, cargo que foi ocupado por nove anos por um afilhado de Renan Calheiros, Sérgio Machado, para ficar bem com o presidente do Senado. Não recebeu o sinal de que ele aceitaria, e a troca não foi efetivada.
 
Agora, a presidente cogita manter Vinicius Lages no Turismo, na expectativa de não criar problemas novos com Renan Calheiros; e levar Henrique Eduardo Alves para a Aviação. A equação pode dar certo. O governo quer uma eficaz articulação política, comandada pelo PMDB. Mas, agora, é Padilha que não tem certeza de que conseguirá coordenar a articulação do Palácio do Planalto se não estiver afinado com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
 
Cunha não vai ao jantar na residência oficial do Jaburu, onde mora o vice Michel Temer, para a reunião dos caciques do PMDB. 
 
"A esperança é que Henrique Alves consiga tocar o coração de Eduardo Cunha e Renan Calheiros", ironiza um peemedebista, assistindo às sucessivas tentativas da presidente Dilma de pacificar a relação com o partido.
 
Uma coisa, parece, que a presidente procura: negociar com o conjunto do PMDB. Ela já compreendeu que se tirar um ministro para colocar outro pode, em lugar de resolver, aumentar os problemas com o PMDB.  

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