JONAS PEREIRA/AG. SENADOSenadores, em votação aberta, decidem confirmar a prisão decretada pelos ministros do Supremo Tribunal Federal
A manutenção da prisão de Delcídio Amaral foi recebida por um plenário em silêncio. Como na votação anterior, que definiu se o voto seria aberto ou não, o PMDB liberou a bancada. O líder do PT, Humberto Costa (PE) orientou os petistas a votar pelo relaxamento da prisão, lamentando não poder afirmar que essa era também uma posição do partido. Depois de anunciar o resultado, o presidente do Senado, Renan Calheiros, declarou que a decisão seria encaminhada ao STF e encerrou a sessão.
A prisão de Delcídio Amaral foi na manhã de ontem. O SSTF autorizou a Polícia Federal a deflagrar uma operação que levou a prisão do líder do governo no Senado, investigado pela Operação Lava Jato. O parlamentar teria sido flagrado, em gravações, na tentativa de prejudicar as investigações da Lava Jato, em uma tentativa de destruir provas e facilitar uma fuga do ex-diretor a Petrobras Nestor Cerveró. As gravações foram feitas pelo filho de Nestor, Bernardo Cerveró, que fez a denúncia à Procuradoria da República.
Também foram presos o banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual, e Diogo Ferreira, chefe de gabinete do Delcidio do Amaral, e o advogado Edson Siqueira Ribeiro Filho, que defendia Nestor Cerveró.
Esta é a primeira vez que um senador com mandato em exercício é preso. A PF também fez busca e apreensão no gabinete do petista, no Senado, em Brasília, e nos estados do Rio, de São Paulo e de Mato Grosso do Sul.
O senador foi preso no hotel Golden Tulip, onde mora em Brasília, mesmo local onde na terça-feira, 24, a PF prende o empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Delcídio do Amaral foi citado na delação do lobista Fernando Baiano, apontado pela Lava Jato como operador de propinas no esquema de corrupção instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014. Fernando Baiano disse que Delcídio do Amaral teria recebido US$ 1,5 milhão em espécie na operação de compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. O ministro Teori Zavascki convocou uma reunião extraordinária da Turma dedicada à Lava Jato. A reunião da Corte foi reservada, algo raro.
Cerveró afirma que Dilma 'sabia de tudo'
São Paulo (AE) - Na minuta da delação premiada do ex-diretor internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, há anotações do executivo à mão dizendo que a presidente Dilma "sabia de tudo de Pasadena" e que inclusive estaria cobrando o então diretor pelo negócio, tendo feito várias reuniões com ele. O acordo de Cerveró foi firmado com a Procuradoria-Geral da República e submetido ao ministro do Supremo Teori Zavascki, que ainda não decidiu sobre sua homologação.
O fato veio à tona nas conversas gravadas entre o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral, o advogado Edson Ribeiro, que defendia Cerveró, e o filho do ex-diretor, Bernardo Cerveró. No diálogo, o senador revela que teve acesso ao documento sigiloso da delação do executivo por meio do banqueiro André Esteves, CEO do banco BTG Pactual e questiona sobre as citações à presidente manuscritas na minuta do acordo de delação.
Na gravação, o filho de Cerveró confirma que as anotações são mesmo de seu pai. Os áudios dos encontros do político com o advogado, gravados por Bernardo Cerveró, foram utilizados pela Procuradoria-Geral da República para pedir a prisão de Delcídio, André Esteves, Edson Ribeiro e o chefe de gabinete do senador.
No documento, conforme menciona Delcídio na gravação, há referências de que Dilma "sabia de tudo" e que ela "estava acompanhando tudo de perto", tendo inclusive cobrado Cerveró sobre o negócio. A aquisição da refinaria de Pasadena é investigada por Polícia Federal, Tribunal de Contas da União, Ministério Público por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas. O conselho da Petrobrás autorizou em 2006, quando Dilma era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da estatal, a compra de 50% da refinaria por US$ 360 milhões.
Posteriormente, por causa de cláusulas do contrato, a estatal foi obrigada a ficar com 100% da unidade, antes compartilhada com uma empresa belga. Acabou desembolsando US$ 1,18 bilhão - cerca R$ 2,76 bilhões. Segundo apurou o TCU, essas operações acarretaram em um prejuízo de US$ 792 milhões à Petrobrás.
Nenhum comentário:
Postar um comentário