Petista reagiu à previsão do adversário de que o PT será extremamente diminuído nas eleições municipais.
Senadora Fátima Bezerra admitiu as dificuldades atuais do governo e
do PT, mas se mostrou confiante que a crise pode ser superada ainda este
ano.
"O senador [José Agripino] deveria cuidar do partido dele, porque a legenda dele vem definhando a cada eleição", disse a petista em entrevista exclusiva ao portal nominuto.
Fátima Bezerra admitiu as dificuldades atuais do governo e do PT, mas se mostrou confiante que a crise pode ser superada ainda este ano. "Nós confiamos que até o final do ano, com a recuperação da economia, a melhoria dos níveis de emprego e retomada dos investimentos, o cenário mudará totalmente", afirmou.
Segundo a senadora, o PT procura reagir com firmeza ao que chama de "campanha sórdida" contra o partido. "Em que pese a campanha sórdida contra o PT, para criminalizar o partido, a desestabilizar o governo da presidenta Dilma, atingir a popularidade de Lula, essas denúncias não envolvem apenas o PT".
Sobre as críticas de Lula a Dilma e ao PT, Fátima argumentou: "Lula fez um chamamento ao PT para mostrar que a hora é de união e de afirmar o nosso compromisso com a defesa do governo Dilma".
Fátima Bezerra não acredita que há razões jurídicas que fundamentem um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, como deseja a oposição: "Não vejo absolutamente nenhum motivo de natureza jurídica. O que há, repito, é uma disputa política acirrada que não se encerrou com as eleições".
A seguir, trechos da entrevista com a senadora Fátima Bezerra gravada em Brasília:
Diógenes Dantas - O Ibope aponta apenas 9% de popularidade para Dilma Rousseff. Na visão do PT, quando essa crise vai acabar?
Fátima Bezerra - Nós confiamos que até o final do ano, com a recuperação da economia, a melhoria dos níveis de emprego e retomada dos investimentos, o cenário mudará totalmente. O cenário ruim na economia é derivada da crise mundial do capitalismo que começou 2008, e que tem seus efeitos somente agora no Brasil. O governo está fazendo o possível para reverter esse quadro.
DD - A senhora faz uma análise do ponto de vista econômico. E no campo político? O PT enfrenta sérias dificuldades com as delações da Lava Jato, que envolvem agora a presidente Dilma e alguns ministros e lideranças petistas. Como o partido pretende reagir?
FB - A postura do PT é a mesma: o que tem para ser investigado deve ser investigado com todo rigor e profundidade, assegurando o direito de defesa das pessoas. Quem for inocente que seja inocentado. Quem for culpado que pague com todos os rigores da lei. Em que pese a campanha sórdida contra o PT, para criminalizar o partido, a desestabilizar o governo da presidenta Dilma, atingir a popularidade de Lula, essas denúncias não envolvem apenas o PT. As denúncias contra o PT são seletivas. Elas envolvem atores da oposição. Ver o caso do senador Aloysio Nunes [senador do PSDB/SP] apareceu na Lava Jato. O senador José Agripino responde a inquérito no STF em outro escândalo.
DD - No caso da Lava Jato, qual é a responsabilidade do PT nesse escândalo de corrupção?
FB - O caso da Lava Jato tem a ver com doações de campanha, e o PT se coloca na mesma situação de outros partidos. Todas as doações para as campanhas do PT foram feitas dentro da legislação em vigor. Todas as contas foram prestadas ao TSE e elas foram aprovadas.
DD - Mas o empreiteiro [Ricardo Pessoa, dono da UTC] diz que foi dinheiro do caixa dois oriundo da corrupção da Petrobras.
FB - Isso é o que ele está dizendo. Esse mesmo empreiteiro que doou para a campanha da presidenta Dilma deu dinheiro para a campanha do Aécio [Neves, senador do PSDB/MG]. Aliás, ele doou mais para Aécio do que a Dilma. Quando é para o PT é propina? Quando é para os outros é doação? Quando é para o PT é prática de extorsão? Para os outros não? Olha, me desculpe. Isso é muita hipocrisia.
DD - A senhora teme a retomada do debate sobre o impeachment da presidente Dilma?
FB - A oposição nunca deixou de buscar o impeachment. Na verdade, a oposição nunca se conformou com a quarta derrota consecutiva para o PT. Desde a vitória de Dilma a luta política não cessou. Nós estamos convictos que, à luz do estado democrático de direito, essa tese [impeachment] não prosperará. Essa tese tem caráter golpista.
DD - O instrumento é previsto na Constituição, senadora.
FB - O instrumento é previsto na Constituição, mas nessa mesma lei estão listados os motivos para iniciar o processo de impeachment.
DD - Então a senhora não vê motivos.
FB - Não vejo absolutamente nenhum motivo de natureza jurídica. O que há, repito, é uma disputa política acirrada que não se encerrou com as eleições. O povo decidiu dar mais um mandato a Dilma, e só o povo cabe tomar outra decisão. E isso vai se dar somente nas eleições. Se a oposição quer nos derrotar que se prepare, provavelmente, para enfrentar Lula em 2018.
DD - O ex-presidente Lula tem criticado Dilma, ele próprio e o Partido dos Trabalhos, falando em "volume morto" e que o PT só pensa em cargos. A senhora esteve em recente reunião com Lula, o que ele disse?
FB - Lula sintetiza tudo aquilo que foi a construção do Partido dos Trabalhadores ao longo de 35 anos. Ele é uma das maiores figuras políticas de perfil popular do Brasil e do mundo. A história dele é a própria história de luta do povo brasileiro. Lula fez um chamamento ao PT para mostrar que a hora é de união e de afirmar o nosso compromisso com a defesa do governo Dilma.
DD - Mas como é que a senhora explica críticas tão duras e diretas ao governo da presidente Dilma?
FB - Olha, quem insistir em criar fuxico entre Dilma e Lula vai dar com os burros n'água.
DD - Mas é Lula que está criticando a presidente, senadora.
FB - Não há como separar Lula de Dilma, como não dá para separar Lula do PT. Ele foi muito claro ao dizer que o fracasso de Dilma será o fracasso dele, será o fracasso do PT. Dentro dessa lógica, ele chamou todos para unidade. Agora, isso não significa que Lula e o PT abdiquem da sua visão crítica.
DD - Senadora, eu insisto, cabe uma crítica tão dura neste momento?
FB - Com relação ao PT, a crítica foi bastante positiva porque o partido não poder perder o vínculo com as bases sociais, origem do Lula. O PT não pode perder o diálogo com a população. O PT tem seus erros, mas o partido tem um legado de acertos significativos na luta pela redemocratização do país e de promoção da cidadania do povo brasileiro.
DD - O PT tem perdido eleitores, quadros e, o próprio Lula faz esta avaliação, não mobiliza os jovens. O senador José Agripino, seu adversário, me disse numa entrevista que o PT vai sair diminuído das urnas nas eleições municipais. O que a senhora tem a dizer?
FB - O senador [José Agripino] deveria cuidar do partido dele, porque a legenda dele vem definhando a cada eleição.
DD - Esse fenômeno não ocorre com o PT?
FB - Não na dimensão do dele. Muito pelo contrário. Tanto é que continuamos como a maior bancada da Câmara, a segunda maior no Senado e estamos à frente de cinco estados da federação.
DD - A crise atual não vai afetar o PT nas próximas eleições, senadora?
FB - Isso deverá ter reflexos, mas volto ao que disse no início: confiamos que a economia vai se recuperar e que na política vamos superar o quadro atual de dificuldades. A conjuntura vai melhorar significativamente no ano que vem. E estaremos prontos para a luta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário